1 de março de 2010

Para Produzir o Conhecimento Histórico Escrito

A face do historiador revela-se nos seus escritos. Através deles é possível descobrir a sua formação e visões de mundo, bem como suas opiniões, valores, escolhas e posicionamentos políticos. Entretanto, é importante que os aspectos mais particulares ou subjetivos fiquem sob controle, contribuindo para a produção de uma versão histórica mais verdadeira possível. Noutras palavras, espera-se que o historiador elabore um estudo consistente e próximo da sua formação e de seus propósitos individuais, ao mesmo tempo em procura se afastar da versão histórica fácil e do senso comum.


O historiador ao pesquisar e escrever para o campo de saber denominado História precisa conhecer os critérios da Ciência, observar os padrões historiográficos comuns à sua época e valorizar determinados elementos de linguagem e de comunicação, necessários à transmissão do conhecimento. O conhecimento que o historiador produz não é espontâneo. É um conhecimento planificado, que se caracteriza por ser:


• derivado de uma ação intelectual
• resultado de uma ação planejada
• dependente dos procedimentos da Ciência, em combinação com o conhecimento filosófico, com as teorias e os conceitos



No campo da produção do conhecimento, as ações intelectuais resultam de planejamento e de pesquisa, cuja origem pode ser a


• curiosidade e a capacidade de observação do pesquisador (vontade de conhecer)
• necessidade profissional
• escolha de um campo de atuação
• decisão quanto à escolha do tema de investigação
• disponibilidade da literatura histórica (historiografia)
• definição do problema de pesquisa ou de um questionamento



Os historiadores, à maneira dos filósofos e dos cientistas, questionam a realidade e criam problemas de pesquisa, transformando-os em objeto de investigação. Pode-se afirmar que a atividade de pesquisa do historiador começa com


• questionamentos
• lacunas nas pesquisas acadêmicas
• conhecimentos que necessitam de revisão
• curiosidade



Diferentemente da vida cotidiana, no universo da pesquisa histórica os problemas são bem-vindos. Bem-vindos, mas não são espontâneos. Eles não nos pegam de surpresa, visto que são planejados, desejados e pensados. Os problemas de pesquisa estão na origem da produção do conhecimento. Na primeira etapa da pesquisa, o questionamento sobre a relevância da nossa contribuição à sociedade é fundamental. Perguntamo-nos:


• O que eu proponho nessa pesquisa é relevante?
• Estarei contribuindo para o campo de conhecimento onde atuo?
• Ela completa ou inaugura um conhecimento?

Os caminhos para a escrita da História precisam ser traçados à maneira da Ciência. Afirma-se que não há Ciência sem o método científico. Dessa maneira, não há conhecimento histórico sem método historiográfico. É necessário construir um método de pesquisa.
Na acepção primeira, o método é o modo de fazer. Quando queremos resolver um problema e garantir bons resultados, adotamos um método. Método, no sentido geral do termo, é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo [proposto], traçando o caminho a ser seguido, detectando os erros e analisando as decisões do cientista (LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da Metodologia Centífica. São Paulo: Atlas, 1986. p.81).


Para dar conta de um tema histórico e da construção de um projeto, partindo de uma problemática de pesquisa, é necessário traçar o caminho do método. Antes dele e da elaboração do projeto, propõe-se uma breve revisão da prática historiográfica e dos seus desdobramentos, da Antiguidade até os tempos atuais.

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